Defesa de Trabalho de Conclusão de Curso de André José Alves no curso Licenciatura em Artes do Setor Litoral da Universidade Federal do Paraná – UFPR/Litoral.
Resumo: Neste ensaio focalizo ângulos das relações contemporâneas estabelecidas entre grupos sociais que habitam vilas caiçaras adjacentes à porção artificial do Canal do Varadouro e seus ambientes, em localidades situadas entre os estados de São Paulo e do Paraná. A pesquisa evoca as noções de percurso e lugar, articulando memórias, narrativas e imagens em um itinerário que envolve um duplo deslocamento: etnográfico – quando as lentes de observação buscam refletir imagens do “Outro” – e autográfico – quando as lentes perseguem imagens de si. O estudo é inspirado no método fotoetnográfico (Achutti, 1997), propondo narrativas imagéticas reunindo fotografias produzidas em viagem de campo às comunidades do Abacateiro, Vila Fátima e Varadouro, navegando através das águas de Cananéia. Atendendo às dinâmicas da modernidade e da globalização, na década de 1950 estas paisagens foram afetadas pela abertura de uma porção artificial do Canal do Varadouro, imagem que reflete a dimensão contemporânea do colonialismo nos territórios e comunidades, permanentemente assombradas pela construção de novos portos, dragagens, derrocagens. Por outro lado, o ajuste das lentes de observação à escala local revela lugares em que a vida caiçara persiste, insiste e acontece. O deslocamento do foco da observação do global ao local responde ao esforço por uma decolonização do olhar, mediada por aportes da antropologia e da arte, encontrando na noção de autobiogeografia (Afonso Rodrigues, 2017) um caminho de reencontro com o cotidiano das vilas caiçaras e de articulação da ancestralidade e da experiência vivida às narrativas visuais.
Palavras-chave: Canal do Varadouro, Fotoetnografia, Autobiogeografia, Narrativa,
Antropologia Visual.