Informamos que a dissertação da Mestra em Arte e Cultura Visual, Ingrid Costa Moreira, está disponível no repositório do Sistema de Bibliotecas da UFG e na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD.
Econarrativas visuais: o despertar de si como natureza
Resumo: Nesta pesquisa em arte pergunto: como criar imagens a partir de exercícios de aproximação entre o ser humano e a natureza? Assim, o objetivo geral desta pesquisa de mestrado foi investigar os processos de criação de narrativas visuais elaboradas a partir de percepções e experiências com a natureza presente no entorno do bairro onde vivo, chamado Vila Itatiaia, localizado na região norte da cidade de Goiânia, em Goiás. As econarrativas visuais partiram do conceito ‘econarrativa’ trazido pelos autores Peter Perreten e Melanie Pryor e são proposições artísticas criadas nesta pesquisa a partir de atravessamentos entre experiências com a natureza e perspectivas críticas que coloca diversos campos do conhecimento em diálogo, tais como: ecologia, feminismo, arte, estudos decoloniais e estudos autobiográficos. Em diálogo com essas temáticas, utilizei como base movimentos ambientais e ecofeministas, assim como os autores Walter Mignolo, Michael Serres, Lenoble, Aníbal Quijano, Ailton Krenak, Elizabeth Beltrán e Vandana Shiva para compreender e articular uma discussão sobre as relações e entendimentos que foram se estabelecendo temporalmente e espacialmente com relação à natureza. Como referenciais artísticos, Ana Mendieta, Fina Miralles, Vidi Descaves, Evan Cohen e Uýra Sodoma, são artistas que trouxeram a compreensão e reflexão da potência da ideia de colocar a si como natureza. Além desses artistas, o Coletivo Oda Coletivo e a artista Manoela Rodrigues, auxiliaram nas reflexões sobre a arte socialmente engajada e abordagens artísticas desenvolvidas no mestrado sendo elas: duas oficinas, um seminário e uma troca de cartas com duas moradoras do bairro Vila Itatiaia. Para a produção das econarrativas visuais, a investigação adotou como suporte metodológico a pesquisa baseada na prática artística com abordagens de quatro estratégias poéticas: a autobiografia, com ênfase na autobiogeografia, as caminhadas, as narrativas de vida e os mapas mentais. A articulação dessas abordagens foi feita por uma prática artística que se constituiu a partir de caminhadas, coletas, conversas, registros fotográficos, colagens digitais, ilustração, pintura e bordado, teve como resultado a proposição da noção de econarrativa visual e de uma série de produções, entre elas: 20 econarrativas visuais, ações desenvolvidas com grupos e um diário de artista. A noção de econarrativa visual partiu da investigação das narrativas que distanciam a nossa existência da natureza, em que refleti e identifiquei estratégias de aproximação com ela, para então criar econarrativas visuais que propõem a integração de si como natureza. Por tal noção, compreendi que a prática artística, centrada da produção de econarrativas visuais é um meio de articulação das narrativas de si em direção a integração, que estimula a mudança de percepção ao demostrar que não basta estar próximo da natureza, mas é preciso uma visão sistêmica de se perceber como parte dela. Nesta dissertação de mestrado apresento o percurso que foi sendo traçado a cada passo dessa caminhada investigativa que se deu junto à natureza e como natureza. Finalmente, em um cenário de crise ambiental afetado pela pandemia, o tema desta pesquisa se mostrou relevante, urgente e necessário, pois reforça a importância de nos reconhecermos como parte da natureza e, assim, buscarmos novas percepções sobre ela, isto é, sobre nós mesmas.. Palavras-chave: Econarrativas Visuais; Narrativas Visuais; Autobiografia; Narrativas de Vida; Natureza.
COSTA, Ingrid. Econarrativas visuais: o despertar de si como natureza. 2021. 161 f. Dissertação (Mestrado em Arte e Cultura Visual) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2021.